O Potencial da atividade física para a Saúde e Cognição

O Potencial da atividade física para a Saúde e Cognição

Acabamos de desejar a muitas pessoas um “Feliz Ano Novo”. Alguns apostaram no prêmio aumentado da loteria para buscar um ano mais feliz, com uma possibilidade (minúscula, temos que dizer) de ganhar uma boa soma de dinheiro. Mas, do que depende nossa felicidade?

Pesquisas têm mostrado que o bem-estar e mesmo a felicidade dependem muito menos das circunstâncias e muito mais de atitudes, habilidades e comportamentos (Tkach & Lyubomirsky, 2006). Ou seja, ser feliz está muito mais relacionado com o modo como lidamos com a vida e com certos recursos internos para lidar com ela do que com os acontecimentos em si.

Essa parece ser uma afirmação simples, mas não significa que seja fácil, uma vez que se trata de questões subjetivas construídas ao longo da vida e de mudanças de comportamentos e hábitos arraigados. Mas o fato é que, em certa medida, pode ser um alento saber que mudar algumas pequenas coisas no cotiano pode ter um impacto importante em nossa qualidade de vida e no quanto nos sentimos felizes. E hoje falaremos sobre o potencial da atividade física.

Todos nós temos ouvido há muito tempo que os exercícios físicos são extremamente benéficos para a saúde física. Nisso não há novidade e muitas vezes buscamos incluí-los na nossa rotina pensando em manter o sistema cardiovascular em ordem, perder peso ou fortalecer os músculos para evitar problemas ósseos.

No entanto, nos últimos anos tem havido um crescente interesse das áreas de saúde mental nos benefícios da atividade física para a saúde e bem-estar emocional e psicológico. Uma revisão sistemática (pesquisa que levanta estudos sobre o tema no mundo todo) concluiu que exercícios físicos são recursos valiosos para a promoção da saúde mental e para a redução do risco de desenvolver depressão (Mammen & Falkner, 2013).

A atividade física melhora o humor e diminui o estresse, o que pode aumentar a percepção de bem-estar. Também pode favorecer o contato com a natureza, se é praticada ao ar livre, e aumenta a socialização (por enquanto com distanciamento e uso de máscaras), o que também traz impactos positivos.

É um conhecimento relevante quando se considera que os transtornos mentais acometem em torno de 14% da população mundial. Entre eles, a depressão, um dos transtornos mentais mais prevalentes que, por sua vez, está relacionada à piora da saúde de um modo geral (Hamer et al., 2012) e ao comprometimento da qualidade de vida.

Desse modo, é animador saber que os exercícios físicos são fatores de proteção para a saúde mental, contribuindo para a melhora do humor diário e bem-estar psicológico, já que se pode pensar em uma gama enorme de práticas que os tornam acessíveis e atraentes a praticamente qualquer pessoa.

Além disso, estudos com crianças entre 5 e 18 anos evidenciaram a relação entre atividade física e a melhora do desempenho acadêmico e de habilidades cognitivas, como concentração, memória e inibição de impulsos. E melhores capacidades cognitivas também são fatores de proteção para a saúde mental, o que potencializa a importância da atividade física em todas as idades, especialmente na infância e adolescência.

No último ano, potencializado pelas circunstâncias impostas pela pandemia, se estima que tenha havido um aumento da incidência de transtornos mentais entre a população em geral. A permanência em casa gerou para muitos uma diminuição da atividade física e destacamos aqui o impacto preocupante para crianças e adolescentes.

Assim, este é um bom momento para pensarmos seriamente em como incorporar a prática da atividade física em nossa rotina, de nossos filhos e alunos. Com calma, comece pensando em algo que você goste e que seja relativamente fácil e acessível. Não tenha medo de experimentar uma modalidade e depois mudar. Proponha o mesmo para as crianças e adolescentes.

A saúde do corpo e da mente agradecem!

Referências

Esteban-Cornejo, Irene, et al. “Physical activity and cognition in adolescents: A systematic review.” Journal of Science and Medicine in Sport 18 (2015): 534-539.

Mammen G, Faulkner G. Physical activity and the prevention of depression: a systematic review of prospective studies. Am J Prev Med. 2013;45(5):649–657.

Hamer, Mark, Romano Endrighi, and Lydia Poole. “Physical activity, stress reduction, and mood: insight into immunological mechanisms.” Psychoneuroimmunology. Humana Press, Totowa, NJ, 2012. 89-102.

Tkach, Chris, and Sonja Lyubomirsky. “How do people pursue happiness?: Relating personality, happiness-increasing strategies, and well-being.” Journal of happiness studies 7.2 (2006): 183-225.


Por Alcione Marques
Diretora da NeuroConecte
Mestre em Ciências pela UNIFESP, pedagoga, psicopedagoga Clínica e Escolar
com aprimoramento em Reabilitação Cognitiva.

 

 

Palestra Gratuita de Mindfulness – Dezembro

Palestra Gratuita de Mindfulness – Dezembro

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O ser humano consegue manter o foco em uma atividade por um tempo limitado, que varia de acordo com a idade. Mas o fato é que frequentemente nos distraímos e nossa atenção não está voltada para o que está acontecendo no aqui e agora, o que empobrece nossa experiência. Um estudo de Harvard, realizado em 2010, aponta que, de todo o tempo que permanecemos acordados, quase a metade dele (47%) é gasto com as distrações

E como conseguir transformar essa dispersão? 

Mindfulness (ou Atenção Plena) é a condição de estar atento e mais consciente dos pensamentos, sentimentos e sensações corporais no momento em que as experiências ocorrem, sem reagir de forma automática ou habitual.
O mindfulness, consiste em prestar atenção ativamente a tudo que surgir interna ou externamente. Nos permite aceitar a experiência ao invés de reagir a ela. Isso alivia nossa carga consideravelmente.
Nesta palestra gratuita mindfulness, Luiza Hiromi Tanaka apresentará as bases do Mindfulness e evidências científicas de seus benefícios como:
  • redução do estresse e impactos positivos na saúde física e mental
  • aumento da capacidade de concentração
  • melhora da percepção, foco e criatividade
  • aprimoramento da escuta empática
  • aumento da habilidade de autorregulação das emoções e dos pensamentos

Conheça melhor o Mindfulness e como incorporá-lo no dia-a-dia, conhecendo uma nova possibilidade para lidar melhor com pressões e situações desafiadoras.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”2/3″][vc_column_text]

Informações

Dia 17/12/2020
Horário: 19h30 às 21h00
OBS. Utilize o Formulário de Cadastro a seguir para receber todos detalhes da transmissão.

Luiza Hiromi Tanaka

Doutora em Enfermagem pela USP. Professora afiliada do Departamento de Administração e Saúde Coletiva da UNIFESP. Professora orientadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da EPE/UNIFESP. Instrutora Senior do Programa Mindfulness para Saúde e Estresse, formada pelo Respira vida – Espanha e Breathworks – Inglaterra.

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Mindfulness para a Saúde – método Breathworks-Respiravida

On-line – via Zoom (o link será enviado para o e-mail informado na inscrição)
FEVEREIRO 2021 – Dias 4, 11, 18 e 25/2 – das 18h30 as 21h00
MARÇO 2021 4, 11, 18 e 25 – das 18h30 as 21h00

  • 8 encontros semanais de 2,5 horas cada – carga total de 20 horas
  • Treinamentos de práticas diversas
  • Disponibilização de áudios com meditações guiadas
  • Proporciona o aprendizado dos princípios do Mindfulness e sua prática no dia a dia.

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Estas ações podem ser desenvolvidas por meio de mídias, intranet, cartazes, marketing, vídeos institucionais ou outros, de acordo com as possibilidades e cultura da empresa.[/vc_column_text][/vc_tta_section][/vc_tta_tabs][vc_separator color=”orange” style=”dotted” border_width=”5″][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_wp_text title=”Palestra Gratuita Mindfulness”]

INSCRIÇÃO

* obrigatório
mês   

 

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A Saúde Mental dos Professores, obrigados a se reinventar

A Saúde Mental dos Professores, obrigados a se reinventar

Especialistas analisam principais problemas que afetam os professores em seu dia e dão dicas para a saúde mental

Lidar melhor com a ansiedade, o estresse e as emoções desagradáveis (também chamadas comumente de “negativas).

Considerado um dos principais desafios que envolvem a saúde mental do professor, já que a atividade docente é uma das profissões que mais exigem trabalho mental.

Se não forem bem manejados, estes fatores podem gerar grande desgaste que repercutem sobre a saúde física e emocional e, assim, afetam significativamente o desempenho profissional.

Nessa perspectiva, vamos abordar a importância de promover a saúde mental dos professores e mostrar como reduzir os impactos do distanciamento social causado pela pandemia de coronavírus na rotina diária. Confira, ainda, dicas da dra. Luciana Mancini Bari, médica do Hospital Santa Mônica e de Alcione Marques, psicopedagoga da NeuroConecte, para a promoção da saúde mental nesse grupo e a importância de buscar ajuda quando necessário. Aproveite a leitura!

A importância da promoção da saúde mental de professores

Uma recente pesquisa sobre o impacto do sofrimento mental dos professores que atuam no ensino público no Paraná destacou a relevância do cuidado com a saúde emocional desses profissionais. O resultado da amostra com 1021 professores revelou os seguintes dados:

  • ansiedade em 70%;
  • distúrbios psíquicos em 75%;
  • depressão em 44% dos entrevistados.

Esses índices demonstram a necessidade urgente de buscar formas de reduzir os efeitos da quarentena na rotina diária desses profissionais. A substituição da modalidade de aulas presenciais pela online elevou a carga de trabalho, aumentou a ansiedade e o estresse e gerou todo tipo de desgastes nesse grupo.

Na verdade, ninguém estava preparado para as mudanças impostas pela pandemia e, para os profissionais da educação, isso teve um peso ainda maior. Fatores como cobranças administrativas e a falta de preparação para essas transformações geraram graves problemas à saúde física e mental dos educadores.

Mediante a urgente necessidade de se reinventar, muitos professores tiveram a saúde emocional abalada pelos desafios impostos por esse cenário. Muitas são as demandas que exigem a rápida adaptação deles a essas situações. Além disso, o ritmo do trabalho virtual pode ser muito mais intenso do que nas aulas convencionais.

Logo, a adaptação forçada ao “novo normal”, a extensa rotina online, o medo da contaminação pela doença, o medo de muitos de perderem seus empregos e a necessidade de manter o isolamento resultaram em grandes impactos psicológicos nesses profissionais. Por isso, a atenção à promoção da saúde mental dos educadores não pode ser negligenciada.

Saúde mental dos professores na quarentena

Promover a saúde mental do professor se tornou ainda mais necessário para superar os desafios impostos pelas aulas digitais. Um estudo publicado pelo Scielo alertou sobre a importância de prevenir o adoecimento mental nesse grupo, dada a complexidade que envolve o trabalho docente nesse contexto de pandemia.

saúde mental desses profissionais durante a quarentena é um tema de extrema relevância, já que muitos estão ficando exaustos, já que o novo contexto exige que se aprenda novas habilidades em um curto espaço de tempo, o que por si só é cansativo.

Além disso, o trabalho em casa, muitas vezes tendo de conciliar com as rotinas domésticas e necessidades da família geram uma grande sobrecarga. Na maioria das vezes, não há um suporte adequado por parte da direção da escola. Por essa razão, muitos docentes se sentem impotentes diante dos desafios que não conseguem enfrentar sozinhos.

Alguns profissionais — como pedagogos e psicólogos — que poderiam apoiar os docentes nesse momento nem sempre estão presentes. Por conseguinte, os professores estão cada vez mais expostos aos altos níveis de estresse decorrentes do cenário atual da educação que podem levar a transtornos mentais.

Entre os maiores fatores que afetam a saúde mental dos professores, destacam-se:

  • desvalorização social do trabalho;
  • classes virtuais muito numerosas;
  • falta de preparo para lidar com as tecnologias de ensino à distância;
  • falta de técnicas pedagógicas para o ensino on-line;
  • falta de apoio da gestão escolar;
  • relações interpessoais insatisfatórias;
  • turmas desinteressadas pelo aprendizado;
  • desânimo e desmotivação para o trabalho;
  • inexistência de tempo para um adequado descanso;
  • cobranças e exigências de qualificação do desempenho.

Dicas para promover a saúde mental do professor

Um ensaio sobre Liderança Educacional, publicado pela Universidade de Harvard (EUA), abordou a importância de proteger a saúde mental dos professores. Segundo os pesquisadores, os docentes percebem a necessidade de promover o bem-estar de seus alunos, mas nem sempre se dão conta da relevância de cuidar da própria saúde mental.

Tendo isso em vista, elencamos algumas práticas para melhorar a condição emocional do professor. Confira!

  1. Organize sua rotina

    Engana-se, quem pensa que dar aula em casa é uma tarefa fácil. Além da necessidade de mais tempo para pesquisar, planejar e elaborar as videoaulas ou podcasts, ainda há o risco de imprevistos que podem surgir durante o dia. Portanto, organizar melhor a rotina e estabelecer um cronograma com as atividades diárias é crucial.

2. Pratique atividade física

Além de fortalecer o organismo contra diversos tipos de doenças, inclusive a Covid-19, os exercícios físicos ajudam a relaxar a mente e promover o bem-estar emocional. Tais práticas se tornam imprescindíveis à diminuição do estresse e ao controle dos pensamentos negativos que comprometem a saúde mental do professor.

3. Desconecte-se

Entre as formas de preservar o auto-cuidado, o controle do uso de dispositivos eletrônicos é um dos mais relevantes. Como o cenário atual trouxe a necessidade do uso constante da tecnologia para o trabalho, os professores precisam buscar um ponto de equilíbrio em suas tarefas diárias.

O ideal é alternar a elaboração das videoaulas com atividades relaxantes, como ioga, caminhada e práticas de instrumentos musicais. Adotar essas medidas ajuda a relaxar o cérebro, além de movimentar o corpo para evitar os danos decorrentes da postura durante o trabalho online.

4. Melhore as relações com os colegas

É fundamental que o corpo docente cumpra as metas estabelecidas pela escola, mas o papel do diretor e dos demais auxiliares é fundamental na organização da demanda.

Melhorar as relações com os colegas e manter uma comunicação eficaz pode diminuir a pressão e as cobranças resultantes da sobrecarga de trabalho.

5. A importância de buscar ajuda

Diante de tudo isso que apresentamos, é preciso buscar maneiras mais adequadas para lidar com a questão emocional dos educadores em tempos de pandemia. Por isso, para garantir uma saúde mental dos professores mais equilibrada, a ajuda profissional é indispensável.

Nessas circunstâncias, somente uma equipe de especialistas está apta a auxiliar os docentes na superação dos riscos associados à rotina escolar.

Um suporte adequado é essencial para o enfrentamento das questões resultantes dessa rápida transformação do contexto educacional.

Como vimos, diversas questões podem prejudicar a saúde mental do professor e comprometer a qualidade do ensino. Logo, a ajuda de uma instituição especializada em saúde mental não pode ser negligenciadas.

FONTE: https://www.vidaeacao.com.br/saude-mental-dos-professores/

Saúde Mental na Educação: projeto forma professores para lidar com o assunto dentro da sala de aula

Saúde Mental na Educação: projeto forma professores para lidar com o assunto dentro da sala de aula

O projeto pretende formar 23 mil professores da rede estadual e ajudar a prevenir o bullying e transtornos mentais entre os alunos

Uma iniciativa da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo em parceria com a Unifesp vai formar 23 mil professores da rede estadual para lidar com questões ligadas à saúde mental dos alunos em sala de aula. O objetivo do projeto Saúde Mental na Educação é prevenir o bullying e transtornos mentais, como a depressão.

“Em primeiro lugar, é preparar o professor pra lidar com esse tema, porque ele não está presente na sua formação. Levar conhecimentos baseados em ciência, baseados em evidência, em uma linguagem simples, em uma linguagem, na verdade, acessível para o educador”, afirmou a psicopedagoga Alcione Marques.

A primeira etapa foi feita online, mas a ideia é que o conteúdo seja levado para dentro das salas de aula, assim que o retorno for normalizado. Para os professores, essa é uma oportunidade de quebrar o tabu em torno do assunto.

Além da educação, o tema também demanda a atenção de áreas como a saúde e segurança pública. Por isso, a ideia dos especialistas é formar uma rede de proteção para melhorar a eficácia da aplicação do projeto.

“A gente tem o atendimento específico de crianças e adolescentes do CAPS Infantil, o Centro de Atenção Psicossocial Infantil. Então, a ideia é que a escola não se comprometa, eu acho que nem é o nosso objetivo com a formação, mas sim promover um ambiente mais saudável, aumentar a capacidade de identificação de problemas, sobretudo de problemas graves, e poder acionar a rede de saúde do município, para que aí sim possa se trabalhar de forma mais específica com a questão da saúde mental”, explicou Anderson Rosa, pró-reitor da Unifesp.

Aprendizagem e o Cérebro

Aprendizagem e o Cérebro

Funções executivas na escola

Por Adriana Fóz

 

Para a aprendizagem, o cérebro é o nosso mais importante órgão do aprendizado e não temos como negar. Conhecer e entender o seu funcionamento é um caminho muito eficaz para promovermos a aprendizagem e já são muitas as pesquisas que comprovam, como nos trabalhos de David A. Sousa, um americano que há mais de 25 anos estuda a relação entre o cérebro e a aprendizagem na escola.

Nosso cérebro é plástico e sendo assim podemos estimular e desenvolver muitas habilidades e competências por meio da ciência dos chamados períodos sensíveis. Porém, existem algumas “regras cerebrais”, tais como janelas de aprendizado, plasticidade neuronal, vulnerabilidades aos transtornos, diversidade de competências, dentre outros, que não devem ser subestimadas.

A maturação, o desenvolvimento e os estímulos do ambiente são “tecidos” de modo bastante complexo, e incrivelmente particulares na biografia cerebral de cada indivíduo. Tais conhecimentos são de fundamental relevância para que o educador otimize seus recursos diante da nova geração de estímulos e demandas que se impõe na sociedade e, por consequência, no âmbito escolar.

Entenda, a escola de hoje não é mais apenas um espaço de transmissão de informações e construção de conhecimentos acadêmicos. Vai muito além, pois à medida que a tecnologia, as informações e os limites físicos transcendem, ascende uma nova pedagogia. Esta que não se opõe nem subtrai, mas que soma e incorpora.

O professor pode ser ainda mais respeitado e comprometido, uma vez que o espaço da relação ensino/aprendizagem contempla a construção do saber sob um entendimento cada vez mais amplo do aprendizado. Um espaço e tempo dialéticos, onde o próprio professor ensina e aprende, e mais, quando ele pode criar uma relação de confiança, de exemplo, e como modelo de aprendizado.

Quando os atores educacionais aprendem mais sobre como o cérebro aprende, traz para o objeto e objetivo da escola um recurso valioso e efetivo. Aprender sobre funções executivas, ou seja, sobre as funções de algumas regiões cerebrais que são fundamentais para o desenvolvimento e comportamento, tais como controle de impulsos, atenção sustentada, memória de trabalho, flexibilidade, metacognição, por exemplo, é uma nova demanda para a eficácia educacional.

Nova e ao mesmo tempo antiga, pois muito dos conceitos já eram incorporados à prática e conhecimento dos professores, uma vez que estamos falando de uma organização do conhecimento que hoje tem o respaldo de pesquisas científicas. Estas vêm facilitar, promover a compreensão e instrumentalização de uma prática mais efetiva e contextualizada.

Ter a informação, por exemplo, que as funções executivas, no que diz respeito ao controle de impulsos, é desenvolvida desde criança e que ao se estimular esta função não só fará com que o jovem aprenda melhor, mas seja menos agressivo, mais engajado e mais saudável, é muito útil.

Por isto este destaque especial, para a aprendizagem e o cérebro, com suas funções executivas na escola.

Podemos evidenciar a correlação entre o desenvolvimento do autocontrole com a aprendizagem e desenvolvimento infantojuvenil nas pesquisas da Terri Moffit e seus colaboradores (2001). Ela está confirmada para o Congresso Brain, Behavior and Emotions, deste ano. Tem trabalhos muito esclarecedores e robustos sobre a importância em se treinar tomadas de decisão, pensamento flexível e memória operacional, recursos estes subentendidos nos processos de aquisição de conhecimento. Estamos na era do conhecimento, da velocidade digital, das relações líquidas, conteúdos voláteis. Adaptar-se a isto é mais trabalhoso, pelo menos para mim, que sou da geração X. Parece que a geração Y está a um alfabeto inteiro de distância…

Tenho viajado para palestrar sobre este tema em escolas particulares do Brasil todo e é notável perceber a diferença entre as escolas que buscam se conectar com os conhecimentos da neurociência educacional. Certo é que muita besteira e confusões são feitas na tradução dos conhecimentos a partir de pesquisas no que concerne ao funcionamento do cérebro para aprender. Tanto é que resolvi fazer uma pesquisa em nível nacional para verificar o que nós educadores sabemos e o que falta saber.

A pesquisa está na plataforma Google e para participar e receber informações sobre tais conhecimentos, podem contatar a Neuroconecte (Facebook: neuroconecte; whatsapp: 11-97533.6629). Convidei para fazer parte dois profissionais e pesquisadores incríveis: a Prof. Drª Analia Arevalo (USP) e o Prof. Dr. João Sato (UFABC).

Haja autocontrole para esperar pelos resultados! A despeito das diferenças, sejam entre gerações, entre os conhecimentos na prática ou a importância dada a estes conteúdos, o relevante é aproveitar para aprender com e sobre o próprio cérebro, concorda? Aproveito para lhe convidar para conhecer o livro “As aventuras de Newneu”, onde Newton Neuron, o super neurônio que mora em Parietópolis, dentro da cachola de Albert Spertoviski. Lá, as sinapses são passes de bola e os neurônios são jogadores de futebol. A limbilândia e brocabocas fazem parte do campeonato onde todos ganham, quando jogam em conjunto, em parceria!

E voltando ao âmbito dos desafios do século XXI, o estudo sobre as Neurociências no concernente à práxis escolar continuará um tópico e poderá colaborar para uma educação mais singular, conectada, integral e saudável. •

Artigo Publicado edição da Revista Escola Particular do @sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) número 267 – Junho 2020. Aprendizagem e o cérebro – Funções executivas na escola


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