Saúde mental do professor: uma revisão de literatura com relato de experiência

Saúde mental do professor: uma revisão de literatura com relato de experiência

Precisamos falar sobre saúde mental nas escolas

Precisamos falar sobre saúde mental nas escolas

No Setembro Amarelo, mês voltado para campanhas relacionadas à prevenção ao suicídio, conheça cinco serviços que podem auxiliar estudantes e educadores a lidar com o tema

10 de setembro de 2020

 

Todos os anos, no mês de setembro, campanhas ao redor do mundo chamam atenção para a importância da prevenção ao suicídio.  Em 2020, a população global se vê diante de mais uma crise de saúde pública: a pandemia de coronavírus. Com escolas fechadas, economia abalada e o isolamento social como principal medida de precaução, cuidar da saúde mental é tão central quanto combater o novo vírus.

Segundo dados recolhidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, uma pessoa comete suicídio a cada quarenta segundos, o que significa um total de 800 mil mortes por ano. A maior parte dessas pessoas tem entre 15 e 24 anos, traduzindo um cenário ainda mais preocupante para os jovens.

“O suicídio não é um fenômeno de causa única. É importante termos em mente que esses fatores não estão somente relacionados ao indivíduo e suas questões familiares ou transtornos mentais, eles estão diretamente conectados com o contexto social e coletivo”, explica Alcione Marques, psicopedagoga e diretora da NeuroConecte, consultoria de aprendizagem emocional e neurociência educacional.

A exposição à violência, ao álcool e as drogas, problemas familiares, desigualdade social e até mesmo os processos de afastamento do coletivo, que tornam mais frequentes os sentimentos de ansiedade e depressão, são parte dos multifatores que podem induzir ao suicídio.

Por outro lado, a OMS afirma que 90% dos casos podem ser evitados a partir de políticas públicas e estratégias voltadas para a saúde mental em diversas esferas da sociedade.

O papel da escola na prevenção do suicídio

Embora o diagnóstico e o tratamento estejam relacionados à área da saúde, a sociedade como um todo tem a responsabilidade de promover um ambiente adequado para o desenvolvimento saudável. Partindo dessa perspectiva, a escola ocupa um papel fundamental por ser um espaço de construção do coletivo e repertório cultural.

“Hoje nós lidamos com um contexto muito mais amplo de sociedade, que nos traz mais oportunidades de conexão e acesso à informação, ao mesmo tempo em que demanda competências para lidar com tamanha complexidade”, defende Alcione. “Por isso a importância de pensar em processos estruturados que trabalhem as habilidades socioemocionais na escola, passam a ser recursos valiosos para entender o mundo em que vivemos”.

Na opinião da especialista, da mesma forma que se estuda os sistemas imunológico, digestivo, circulatório, é preciso aprofundar também o entendimento do cérebro, das emoções e como elas afetam o desempenho de atividades básicas. Quebrar o tabu e trazer temas como transtornos mentais e saúde emocional é o primeiro passo para a prevenção.

“Grande parcela dos suicídios está diretamente relacionada à saúde mental. Se o jovem encontra um espaço de acolhimento e aprende a lidar com a frustração, a ansiedade e o estresse, entende as próprias emoções e as do outro, isso diminui os fatores que podem levar ao suicídio”, acrescenta Alcione.

A psicopedagoga reforça, ainda, que é importante cuidar da saúde mental dos educadores, bem como capacitá-los para saber reconhecer sinais e criar um ambiente de escuta e proteção para os estudantes.

Setembro Amarelo: Ampliando o debate

Ainda segundo o último relatório da OMS, no Brasil a taxa de suicídio a cada 100 mil habitantes cresceu 7%, em contrapartida ao índice global que caiu 9,8%. As estatísticas também mostram que países de baixa renda ou alta desigualdade social têm as maiores taxas de suicídio, podendo chegar a 11,5%. Somando isso à estimativa de que o suicídio é mais comum entre os jovens, cerca de ¼ da população economicamente ativa está em risco.

Para conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância de combater essa crise de saúde pública, a campanha Setembro Amarelo acontece há cinco anos e foi criada em uma parceria entre o CVV (Centro de Valorização a Vida), o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Em 2020, o foco principal é a saúde mental durante a pandemia. A ideia é aproveitar que a procura por atendimentos psicológicos aumentou, sobretudo pela possibilidade de fazê-los online, e ampliar ainda mais o debate para incentivar o investimento em centros de atendimento psicossociais, investir na formação de profissionais da área de saúde mental e valorizar o autocuidado.

A psicopedagoga Alcione Marques volta a ressaltar a importância desse espaço de discussão.

“É importante rever nossas próprias concepções e também tomar cuidado para não limitarmos as ações de promoção de saúde e de qualidade de vida somente ao mês de setembro, elas devem ser permanentes ao longo do ano inteiro”, conclui.

 

 

A seguir, conheça alguns serviços gratuitos que podem auxiliar educadores e estudantes na prevenção do suicídio e na promoção da saúde mental.

Clínica Escola de Psicologia

Em todo o Brasil, diversas instituições de ensino vinculam-se a centros de atendimento públicos, dando aos estudantes da área da saúde a oportunidade de aprender na prática e ainda ajudar a comunidade. A Clínica Escola de Psicologia oferece serviços de tratamento e diagnóstico em várias frentes, para atender crianças, adolescentes, adultos, idosos e famílias. Geralmente, esse atendimento é gratuito e pode ser encontrado nas universidades e faculdades.

CVV Comunidade

Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma rede de apoio que tem como missão prevenir o suicídio, e atua em campanhas e ações voluntárias há 58 anos. O CVV Comunidade é um dos programas mantido pela rede e tem como objetivo principal aprofundar a conexão com famílias, escolas, organizações e outras instituições presencialmente. A ideia é promover atividades participativas para desenvolver o autoconhecimento e orientar o trabalho da saúde mental. Dentro dessa iniciativa são disponibilizadas ferramentas sociais para serem usadas em diversas frentes: grupo de apoio aos sobreviventes de suicídio (GASS), rodas para reflexão e troca de experiências (CRC), exibição de filmes que tratem da saúde mental (Cine-SER CVV), cursos de escuta ativa e valorização da vida. Saiba mais onde encontrar e como entrar em contato com o projeto na sua região!

Programa Viver com Saúde + Conviva SP

Conviva SP,Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, é um programa de apoio e acompanhamento das equipes docentes, com o objetivo de fortalecer a rede de proteção social no entorno da comunidade escolar e aproximar serviços de assistência e saúde mental. Já o Programa Viver com Saúde, desenvolvido pela Fundación Mapfre, ajuda a implementar ações para trabalhar saúde infantil, alimentação saudável e prática de atividades físicas. Após a pandemia, o projeto incluiu a saúde mental como um dos eixos principais e, em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), desenvolveu uma formação voltada para o trabalho de temas como bullying, sinais de depressão, violência e emoções.

A Chave da Questão

A plataforma de consultas online A Chave da Questão, do Núcleo Convivências, disponibiliza publicamente psicólogos selecionados e autorizados para serem escolhidos pelos usuários de acordo com a linha de atuação, especialidade, tempo de exercício da profissão, entre outros critérios. O diferencial da iniciativa é que os atendimentos são feitos totalmente a distância e, durante a pandemia de COVID-19, estão oferecendo serviços de aconselhamento terapêutico online e de graça. Para ter acesso, basta realizar o cadastro na plataforma.

Mapa da Saúde Mental

O Mapa da Saúde Mental é um site que reúne serviços gratuitos voltados para o atendimento psicológico em diversas frentes: para públicos específicos, para a comunidade em geral, para profissionais da saúde, presencialmente e a distância. Na plataforma é possível encontrar informações sobre saúde mental, assistência e contatos de instituições que atuam em todas as regiões do Brasil.

 

Obs: Matéria publicada originalmente no site http://fundacaotelefonicavivo.org.br/educacao-do-seculo-xxi/precisamos-falar-sobre-saude-mental-nas-escolas/

NeuroConecte em parceria com a UNIFESP participa de projeto de saúde mental inovador na área da educação

NeuroConecte em parceria com a UNIFESP participa de projeto de saúde mental inovador na área da educação

Projeto inovador integra saúde mental à educação pública.

A NeuroConecte e a UNIFESP em parceria, desenvolvem materiais e ações de prevenção e promoção da saúde da mente para a área da educação escolar.

Nesta terça e quarta-feira, dias 16 e 17 de junho, das 8h30 às 12h30h, está sendo realizado junto aos educadores da rede pública do estado de São Paulo o Projeto Viver com Saúde – Saúde Mental na Escola, uma parceria entre a NeuroConecte e a UNIFESP com apoio da Fundación MAPFRE.

O projeto foi realizado por meio do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar – CONVIVA SP, criado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que tem como proposta fazer com que toda escola seja um ambiente de aprendizagem solidário, colaborativo, acolhedor e seguro.

Assim, vindo ao encontro dos propósitos do CONVIVA SP, o objetivo do Projeto Viver com Saúde – Saúde Mental na Escola é levar informações sobre o tema aos educadores para que a escola possa contribuir mais efetivamente na promoção da Saúde Mental de crianças e adolescentes.

Neste primeiro momento, participaram remotamente da formação por meio do Centro de Mídias SP gestores regionais do CONVIVA, supervisores, equipes gestoras das escolas, professores coordenadores, professores mediadores, agentes de organização escolar e outros da rede pública estadual, em um total de 20 mil educadores. Posteriormente, a formação será disponibilizado para os demais educadores da rede e haverá outras ações que compõem o projeto neste ano.

O time da NeuroConecte responsável pelo trabalho é a neuropsicóloga Adriana Fóz, a psicopedagoga Alcione Marques, o psicólogo Eduardo Lopes e a instrutora de Mindfulness Luiza Hiromi Tanaka. O trabalho foi coordenado por Anderson Rosa, vice-reitor e professor na UNIFESP.

Durante o encontro, foram abordados temas como mente e saúde mental, relação entre as emoções e a saúde mental, como lidar melhor com o estresse, compreendendo a saúde da mente por meio da Neurociência, transtornos mentais mais prevalentes na infância e adolescência, sinais de alerta, automutilação, suicídio, dentre outros tópicos.

O tema é de fundamental relevância com o aumento da incidência de transtornos mentais entre crianças e adolescentes e frente aos impactos gerados pela pandemia de COVID-19. Desse modo, é necessário que o educador tenha conhecimentos seguros e que a escola esteja preparada para ser um espaço promotor de saúde mental.