[vc_row][vc_column][vc_column_text]Por Júlia Scarano de Mendonça.
“Longe de sermos indivíduos independentes que pesam os prós e contras das nossas ações, fazemos parte de uma rede muito compacta que nos conecta a todos no plano físico e também no plano mental” De wall, 2009.
As pesquisas mostram que o nosso cérebro é equipado para a conexão social. O neurocientista italiano Gallesse e sua equipe mostraram, em 2009, que as mesmas células ativadas no macaco que executa uma ação (ex. segurar uma banana) são também ativadas no macaco que apenas observa a ação e por isso foram chamadas de neurônios espelho.
Segundo a equipe de cientistas, os neurônios espelho proveem um mecanismo automático e pré-reflexivo de espelhamento do que ocorre no cérebro do outro (tanto a ação motora como a emoção) e auxiliam o entendimento das ações e intenções dos outros, facilitando a interação social. Pesquisas posteriores mostraram que os neurônios espelho estão presentes também em humanos.
Essa descoberta tem sido considerada por muitos cientistas como uma das maiores descobertas da atualidade e nos faz refletir sobre muitos dos nossos comportamentos cotidianos. Por exemplo, sabem aquela vontade enorme e incontrolável de bocejar quando alguém ao nosso lado boceja? Pois é! Os neurônios espelho explicam esse estranho comportamento tão comum a todos nós. As pesquisas mostram a influência dos neurônios espelhos no desencadeamento de comportamentos envolvendo o contágio emocional (como o bocejo) e de comportamentos imitativos e empáticos.
A empatia é um mecanismo adaptativo, selecionado ao longo da evolução das espécies visando a fortalecer os laços afetivos, a cooperação e a organização social, processos fundamentais para a evolução dos organismos. O processo empático envolve a vivência por um sujeito do estado afetivo ou psicológico de outro e é um mecanismo fundamental da comunicação humana. Não se sabe ao certo os mecanismos pelos quais esse processo de espelhamento cerebral da ação, emoção e intenção do outro ocorre e pesquisas estão sendo realizadas em várias partes do mundo para descobrir.
A empatia é considerada por muitos cientistas como força propulsora da cooperação agindo como uma sinalização interna do organismo para a necessidade de ajudar o outro, visando a amenizar o sofrimento percebido no outro e, de uma certa forma, aliviar a própria dor (lembrem-se dos neurônios espelho!). Porém, as pesquisas mostram que a empatia ocorre mais facilmente com pessoas próximas e com características mais similares e é menos frequente com estranhos, membros de outros grupos sociais, culturais e pertencentes a outras espécies. Isso ocorre porque, em um passado bem distante, os nossos ancestrais lutavam para sobreviver em um ambiente hostil e perceberam que estreitando os laços com as pessoas mais próximas poderiam ser mais bem sucedidos ao competir pelos recursos escassos com os outros agrupamentos de indivíduos. Dessa forma, essas características herdadas dos nossos ancestrais podem dificultar a nossa identificação com estranhos, com membros de outros grupos sociais, étnicos e culturais.
Essas ideias nos parecem úteis para pensar, ou melhor, repensar o ambiente escolar. Por exemplo, as “panelinhas” são muito comuns nas salas de aula de todas as escolas, do ensino fundamental ao médio e muitos conflitos podem ocorrer devido a isso. É também muito comum encontrarmos algumas crianças ou adolescentes que não são aceitos e são mantidos isolados dos outros, trazendo muito sofrimento e prejuízos ao desenvolvimento. O que fazer nessas situações? Como evitar essas situações e criar ambientes escolares mais favoráveis?
Como vimos acima, essa “tendência” ao agrupamento com aqueles mais similares a nós é uma característica herdada dos nossos ancestrais. Mas fica a questão: Podemos aprender a conviver em harmonia com todos, mesmo se, ao longo da nossa evolução como espécie, desenvolvemos a propensão para favorecer os mais próximos e hostilizar os mais distantes? A boa notícia é que sim! Os cientistas acreditam que a empatia é uma habilidade socioemocional que pode ser treinada e desenvolvida.
Vários cientistas sugerem que a empatia pode ser alargada e expandida de forma a incluir o diferente também, ampliando, dessa forma, a conexão entre as pessoas e, consequentemente, aumentando a cooperação entre os organismos. Mas para isso é importante exercitar a empatia a partir de práticas de autoconhecimento, incluindo práticas de reconhecimento das próprias emoções e das emoções dos outros. Essas ideias, aplicadas ao ambiente escolar, têm o potencial de promover a maior integração e cooperação entre os alunos e todos os membros da comunidade escolar, promovendo um ambiente mais favorável à aprendizagem.
Por fim, a pesquisa demonstra cada vez mais o potencial enorme do ser humano para o convívio social. Cabe a escola, como espaço privilegiado da aprendizagem e desenvolvimento humano, criar condições para potencializar a nossa aptidão natural para a cooperação, com ganho para os indivíduos e para a sociedade, como um todo.
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