[vc_row][vc_column][vc_column_text]Por Alcione Marques.
A indisciplina na sala de aula é fator que desgasta o professor e compromete o ensino. A autoridade precisa ser construída intencionalmente na escola.
É tema recorrente entre educadores e especialistas a questão da indisciplina e da dificuldade de se estabelecer uma relação de autoridade com os alunos dentro da escola.
A autoridade do professor, que antes era dada a priori e que garantia que ocupasse naturalmente uma posição hierárquica superior, não acontece atualmente em razão de mudanças sociais diversas, entre elas o estabelecimento de relações mais horizontais em diversas instituições, como na família, nas empresas e, claro, na escola.
Pesquisa realizada pela OCDE em diversos países aponta que o professor brasileiro perde em média 20% do tempo da aula para acalmar a bagunça antes de poder iniciar o trabalho com o conteúdo pedagógico, maior índice entre os países pesquisados.
O fato é que, num contexto onde a autoridade não é dada a priori, é necessário ações intencionais e organizadas para construí-la e, muitas vezes, a escola falha neste sentido.
É fundamental que o Regimento Escolar não seja apenas uma peça legal proforma. Ele precisa ser conhecido efetivamente pela família, pelos alunos e pelos educadores na escola e deve, de tempos em tempos, ser revisto com a participação dos diversos atores do contexto educacional. O Regimento Escolar estabelece as regras de convivência numa instituição que congrega pessoas com diferentes maneiras de se comportar e, se bem usado, pode estabelecer de modo claro um consenso para o viver junto dentro da escola.
Além disso, os primeiros dias de aula de cada semestre precisam ser dedicados a que cada professor construa com seus alunos regras para garantir que sua disciplina tenha bom andamento. Algumas delas poderão ser debatidas e modificadas pelos alunos, outras não.
Ações com estas são frequentemente negligenciadas pela escola. E em um lugar onde as regras não estão claras, aumenta a possibilidade de conflito.
O professor, na maioria das vezes, não teve formação para a construção da autoridade junto a seus alunos. É importante que a escola busque preparar sua equipe para pensar estratégias e ações estruturadas voltadas à construção tanto da autoridade da instituição como do professor. Nossa experiência com o desenvolvimento deste trabalho tem mostrado que os efeitos são a redução do tempo para acalmar os alunos em sala de aula, a melhora do clima escolar e, sobretudo, a diminuição do desgaste do professor com a melhora nas relações e com menos situações de indisciplina.
Para saber mais:
AQUINO, Júlio Groppa. Indiciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. Cadernos de Pesquisa, n. 99, p. 82, 2013.
AQUINO, Julio Groppa. Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. Grupo Editorial Summus, 1999.
BUENO, Fabrício Aparecido; DE SANTANA, Ruth Bernardes. A experiência geracional na fala de alunos de escola pública: a questão da autoridade docente. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 92, n. 231, 2011.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]